A Dor não espera! Cannabis Medicinal: Alternativa ou Primeira Opção?
- Dr. Luís Cláudio Azevedo

- 14 de jul.
- 3 min de leitura
Atualizado: 14 de jul.
Você sabe o que é dor neuropática?

“Dor neuropática” é um tipo de dor causada por lesões, traumas ou situações e doenças que acarretam o mau funcionamento dos nervos, os quais passam a emitir estímulos diversos e constantes para o cérebro, resultando em sintomas como dor, formigamentos, choques e queimação. Pode acontecer após acidentes, em pessoas com diabetes, infecções, ou doenças degenerativas como esclerose múltipla.
Essas dores e demais sintomas variam muito em forma e intensidade, porém podem ser muito fortes e por vezes incapacitantes, podendo o paciente apresentar reações dolorosas intensas com um simples toque nas áreas mais sensíveis.
E não é "apenas" a dor!

A dor, nestes casos, costuma estar acompanhada de grande sofrimento psíquico e, não infrequentemente, de outras comorbidades desenvolvidas em consequência do quadro limitante, como Depressão, Ansiedade, Insônia, problemas familiares e de relacionamento, no trabalho, etc.
E como a dor neuropática pode ser tratada?

O tratamento costuma envolver vários tipos de medicamentos, frequentemente em associação, desde anticonvulsivantes como gabapentina e pregabalina, até antidepressivos “duais” e tricíclicos (ex: duloxetina, amitriptilina, nortriptilina), que também aliviam a dor, mas podem causar efeitos colaterais desagradáveis, além de inúmeras contraindicações e riscos para alguns casos (como cardiopatias).
Também bastante utilizados, principalmente nos casos mais graves e que não respondem aos demais tratamentos, são os opioides, fármacos derivados da morfina , com elevado poder analgésico mas que podem causar dependência, além de outros riscos.
Ainda assim, há limitações e muitos pacientes não têm alívio suficiente ou não toleram os efeitos colaterais desses medicamentos. E por conta de todos estes riscos e limitações, a Terapia Canabinóide tem se mostrado uma grande aliada de médicos e pacientes, como alternativa bastante segura e eficaz em muitos casos refratários às intervenções médicas tradicionalmente utilizadas.
Tanto o Canabidiol / CBD como o Delta-9-Tetrahidrocanabinol / THC, além de mais alguns outros “canabinoides menores” têm sido regularmente prescritos, com excelentes resultados em muitos casos.
Mas como agem os fitocanabinóides?

As vias de ação são muitas, mas vamos tentar descomplicar um pouco para uma forma mais fácil de entender.
A forma de ação destes fitofármacos é bastante ampla. Alguns dos principais mecanismos incluem a ação direta e indireta sobre as vias aferentes e eferentes, ou seja, sobre os estímulos que partem da região dolorosa para a medula espinhal e para o cérebro e os que vêm do cérebro em direção às áreas afetados. Como resultado, há uma redução dos estímulos nervosos gerados perifericamente e nas áreas do cérebro relacionadas à percepção da dor, propiciando, ao final, uma redução dos sintomas álgicos.
Além disso, o Canabidiol tem importante ação anti-inflamatória, a qual, em conjunto às demais ações já mencionadas, auxiliam na melhora do quadro geral de dor e propiciam maior qualidade de vida àqueles que sofrem com esse quadro tão complexo e potencialmente debilitante.
Mas há evidências científicas?

Sim! Estudos mostram que o CBD e o THC podem ser eficazes no alívio da dor neuropática, principalmente em casos que não melhoram com outros remédios ou não toleram os efeitos colaterais das medicações alopáticas. Estudos demonstram também que o uso de produtos à base de cannabis pode permitir a redução ou mesmo a retirada de opioides em muitos pacientes.
Em resumo, a dor neuropática é um distúrbio do sistema neurológico, de difícil controle e tratamento e relacionada geralmente a grande sofrimento e limitações, com medicações que nem sempre são eficazes e trazem riscos e efeitos colaterais importantes. Neste contexto, os produtos derivados da Cannabis surgem como uma alternativa poderosa, segura e bastante promissora, com grande potencial para alívio da dor e muito menos efeitos colaterais.
Este cenário obriga-nos, mais uma vez, a considerar a terapia canabinóide talvez não como uma alternativa ao fracasso de tentativas convencionais prévias, mas sim como um forte aliado no arsenal terapêutico já no início do tratamento.
Grato pela leitura,
Dr. Luís Cláudio de Azevedo Silva
Médico especialista em Medicina Preventiva, Pós-graduação em Psiquiatria e formação em Medicina Endocanabinóide




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