Canabidiol e Menopausa: Uma Abordagem Promissora para o Climatério
- Dr. Luís Cláudio Azevedo

- 23 de ago.
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A menopausa é um marco biológico natural na vida da mulher, caracterizado pelo fim da sua fase reprodutiva, geralmente entre os 45 e 55 anos. Este período, parte de uma transição maior chamada climatério, é marcado por uma queda significativa na produção de hormônios como o estrogênio, desencadeando uma série de sintomas que podem comprometer a qualidade de vida.
Os sintomas variam de mulher para mulher, mas os mais comuns incluem ondas de calor, insônia, alterações de humor, dores articulares e redução da libido. Enquanto a terapia hormonal (TH) tem sido a principal abordagem, muitas mulheres não podem ou não desejam utilizá-la, seja por contraindicações médicas, seja por preocupações com os efeitos adversos. Isso impulsionou a busca por novas terapias, e o Canabidiol (CBD) emergiu como um forte candidato.
A Ciência por Trás do CBD: Como ele Interage com a Menopausa?
O CBD é um composto não psicoativo da planta Cannabis sativa que interage com o Sistema Endocanabinoide (SEC), uma rede de sinalização presente em todo o nosso corpo. O SEC atua na regulação de funções essenciais como humor, sono, apetite e resposta à dor. A ciência sugere que a queda hormonal na menopausa afeta diretamente o equilíbrio deste sistema, o que pode estar na raiz de muitos dos sintomas da transição.
O CBD, ao modular o SEC, oferece uma abordagem terapêutica para vários desses sintomas, o que o torna uma opção promissora para o manejo da menopausa. Embora a pesquisa clínica em larga escala ainda seja limitada, estudos preliminares e dados observacionais têm demonstrado resultados encorajadores.

Evidências Científicas e Resultados Promissores
1. Alívio de Sintomas Neurológicos e Psicológicos
Um estudo publicado na revista Menopause, com 258 mulheres, revelou que 79% das participantes usavam cannabis especificamente para sintomas da menopausa. Dentre os mais comuns, 67,4% buscavam alívio para distúrbios do sono e 46,1% para humor e ansiedade.
Outra pesquisa com mais de 1.400 mulheres no Canadá, publicada no BMJ Open, mostrou que as principais razões para o uso de cannabis eram a melhora do sono (65%) e a redução da ansiedade (45%). Impressionantemente, 74% das participantes consideraram a cannabis útil.
Um grande estudo israelense com 3.000 pacientes indicou que 74% relataram redução nos sintomas de ansiedade e depressão e 70% observaram melhora no sono após o início do tratamento com canabinoides.
2. Benefícios para a Saúde Óssea e Metabólica
Um estudo pré-clínico em camundongos, publicado na Frontiers in Pharmacology, simulou a deficiência hormonal da menopausa. O tratamento com CBD demonstrou múltiplos benefícios, incluindo melhora da tolerância à glicose e um aumento significativo na densidade mineral óssea. Esses achados sugerem que o CBD pode ter um efeito protetor sobre o metabolismo ósseo e o eixo intestino-osso.
Uma série de casos publicada em Cannabis and Cannabinoid Research investigou a administração oral de CBD em duas mulheres na pós-menopausa com osteopenia. O tratamento foi bem tolerado e associado à redução de marcadores de reabsorção óssea, sugerindo um potencial efeito protetor contra a osteoporose.
3. Alívio da Dor Crônica
Uma análise prospectiva com mais de 10.000 pacientes evidenciou que, após seis meses de uso de cannabis medicinal, aproximadamente 65% relataram uma redução superior a 30% na intensidade da dor.
Conclusão
Apesar da necessidade de mais ensaios clínicos robustos, os dados de uso real e os resultados de estudos preliminares são animadores. O CBD surge como uma alternativa promissora e inovadora para o manejo dos sintomas da menopausa, especialmente para aquelas mulheres que buscam opções além das terapias convencionais. A capacidade do CBD de atuar em múltiplos sintomas ao mesmo tempo, como insônia, ansiedade e dor, o posiciona como uma abordagem terapêutica holística e com potencial para revolucionar o bem-estar feminino durante essa fase natural da vida.
Dr. Luís Cláudio de Azevedo Silva é Médico especialista em Medicina Preventiva, com Pós-graduação em Psiquiatria e Cerificação em Medicina Endocanabinóide




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