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Cannabis Medicinal e Doença de Parkinson: O que a Ciência diz?

  • Foto do escritor: Dr. Luís Cláudio Azevedo
    Dr. Luís Cláudio Azevedo
  • 14 de ago.
  • 2 min de leitura
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A Doença de Parkinson (DP) é uma condição neurodegenerativa progressiva que afeta milhões de pessoas no mundo. Ela ocorre quando neurônios de uma área do cérebro chamada substância negra começam a morrer, reduzindo a produção de dopamina — substância essencial para controlar e coordenar os movimentos. Essa perda leva a sintomas motores como tremores, rigidez muscular e lentidão nos movimentos (bradicinesia), além de sintomas não motores, como distúrbios do sono, alterações de humor, constipação e dor crônica.

O tratamento mais usado é a levodopa, que repõe a dopamina e ajuda a controlar os sintomas, especialmente nos estágios iniciais. No entanto, com o tempo, o medicamento pode perder eficácia e causar efeitos colaterais como movimentos involuntários (discinesias), alucinações e distúrbios do sono. Além disso, muitos sintomas não motores não respondem bem à terapia convencional, o que abre espaço para novas abordagens.

Entre as alternativas estudadas, a cannabis medicinal vem ganhando destaque. Compostos como o canabidiol (CBD) e o tetraidrocanabinol (THC) apresentam propriedades neuroprotetoras, anti-inflamatórias e potencial para aliviar tanto sintomas motores quanto não motores.


O Sistema Endocanabinoide e o Parkinson

O corpo humano possui o Sistema Endocanabinoide (SEC), que regula funções como dor, humor, sono e proteção neuronal. Ele é formado por receptores (CB1 e CB2), moléculas produzidas pelo próprio organismo (endocanabinoides) e enzimas que controlam sua ação.

Na Doença de Parkinson, o SEC pode ajudar a proteger os neurônios dopaminérgicos e reduzir inflamações no cérebro. Estudos mostram que ativar receptores CB2 — encontrados principalmente em células de defesa do sistema nervoso — pode diminuir a produção de substâncias inflamatórias e proteger contra o estresse oxidativo, um fator importante na progressão da doença.


Evidências Científicas

Pesquisas indicam que o CBD, o THC e a nabilona (canabinoide sintético) podem:

  • Reduzir tremores, rigidez muscular e distúrbios do sono.

  • Melhorar a qualidade de vida.

  • Diminuir discinesias causadas pela levodopa.

  • Aliviar sintomas como ansiedade e depressão.

Ensaios clínicos brasileiros, como os conduzidos pela Universidade de São Paulo, mostraram que o CBD isolado pode reduzir sintomas psicóticos em pacientes com DP, sem piorar a função motora. Outros estudos apontam que o CBD melhora distúrbios do sono REM e que a nabilona pode auxiliar no controle de sintomas não motores e na melhora do sono.


O que Ainda Falta Saber

Embora os resultados sejam promissores, a ciência ainda precisa de estudos maiores e de longo prazo para definir com clareza a dose ideal, a forma de uso e quais pacientes se beneficiam mais.


Conclusão

A cannabis medicinal pode representar um avanço importante no tratamento da Doença de Parkinson, atuando de forma complementar aos medicamentos tradicionais. Seu potencial em aliviar sintomas e melhorar a qualidade de vida já é sustentado por diversas pesquisas, mas o uso deve sempre ser orientado por médicos com conhecimento atualizado sobre o tema, baseando-se sempre em fontes científicas confiáveis.


Dr. Luís Cláudio de Azevedo Silva é Médico especialista em Medicina Preventiva, com Pós-graduação em Psiquiatria e Cerificação em Medicina Endocanabinóide

 
 
 

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