Desvendando o TDAH e os Fitoc*n*binoides: Uma Perspectiva Científica Aprofundada
- Dr. Luís Cláudio Azevedo

- 17 de set.
- 4 min de leitura

O Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) não é apenas um "probleminha" de criança. É um distúrbio neuropsiquiátrico global, que afeta cerca de 5% das crianças e 3% dos adultos. Imagine um cérebro que, por mais que tente, tem dificuldade em frear pensamentos, focar em tarefas ou controlar impulsos. Isso é o TDAH!
É uma condição crônica e multifatorial, o que significa que não é uma "fase" e tem raízes complexas, envolvendo tanto a genética quanto o ambiente. E vai além da desatenção, hiperatividade e impulsividade!
O TDAH e Seus Companheiros Inesperados (Comorbidades)
Muitas vezes, o TDAH não vem sozinho. Ele pode trazer consigo outros "amigos" não tão bem-vindos, como:
Transtorno Bipolar
Autismo
Ansiedade
Depressão
Alterações cognitivas
Abuso de substâncias
Desregulação emocional
É um desafio complexo, e é por isso que a busca por tratamentos eficazes e seguros é constante. E é aqui que a C4nn4bls Medicinal entra em cena!
Mergulhando no Cérebro com TDAH: O Que a Ciência Revela
O TDAH é um transtorno do neurodesenvolvimento, ou seja, começa na infância e pode nos acompanhar pela vida adulta. A ciência aponta para disfunções nos sistemas dopaminérgico e noradrenérgico do cérebro como grandes vilões na manifestação dos sintomas. Simplificando: a forma como nosso cérebro "recompensa" o foco e a atenção pode estar desregulada.
Mas a história não para por aí! Outros sistemas neurobiológicos, como o Sistema Endocanabinoide (SEC), também podem ter um papel crucial.
Os Sinais do TDAH: Um Guia Rápido
Para entender melhor, vamos aos sintomas clássicos:
Desatenção: Sabe aquela sensação de ter mil pensamentos ao mesmo tempo? Dificuldade em focar, organizar tarefas e ser facilmente distraído por qualquer coisa.
Hiperatividade: É a energia que nunca acaba! Inquietação constante, estar "sempre em movimento", o que pode ser exaustivo em momentos que exigem calma.
Impulsividade: Ações rápidas e sem pensar nas consequências, interromper os outros, tomar decisões "no calor do momento".
O TDAH pode se apresentar de três formas: predominantemente desatento, predominantemente hiperativo/impulsivo ou o tipo combinado. Independentemente da forma, os desafios no dia a dia, no trabalho, nos estudos e nas relações sociais são reais e significativos.
Tratamentos Convencionais: Os Prós e Contras
Os tratamentos mais comuns envolvem medicamentos estimulantes, como metilfenidato e anfetaminas. Eles agem aumentando a dopamina e a noradrenalina, melhorando a atenção e o controle dos impulsos. Existem também alternativas não estimulantes como a atomoxetina, clonidina e guanfacina.
No entanto, nem tudo são flores. Esses medicamentos podem ter efeitos adversos, como:
Insônia
Ansiedade
Perda de apetite
Alterações na pressão arterial
Náuseas
Essas limitações impulsionam a busca por novas alternativas, e é aí que o potencial da cannabis medicinal ganha destaque.
O Sistema Endocanabinoide e o TDAH: O Que as Evidências Dizem Até Agora?
Você já ouviu falar do Sistema Endocanabinoide (SEC)? É uma rede complexa de receptores e substâncias que nosso próprio corpo produz, e ele regula processos essenciais, como a modulação dos sistemas dopaminérgico e noradrenérgico – aqueles diretamente ligados ao TDAH!
Estudos intrigantes sugerem:
Polimorfismos genéticos relacionados ao receptor CB1 (parte do SEC) podem estar ligados ao TDAH, especialmente em quem também tem histórico de alcoolismo.
Modelos animais mostraram que a disfunção do receptor CB2 em neurônios dopaminérgicos pode gerar comportamentos similares aos do TDAH.
Alterações na enzima FAAH, que degrada um endocanabinoide importante (anandamida), foram observadas em pacientes com TDAH, indicando uma possível contribuição para os sintomas.
Tudo isso sugere que o SEC é um ator importante na peça do TDAH!
A relação entre cannabis e TDAH ainda está sendo explorada pela ciência, e os resultados são uma mistura de promessas e cautela:
Alguns estudos observacionais indicam que a cannabis pode ajudar a aliviar sintomas como hiperatividade e impulsividade.
Outros estudos não encontram efeitos significativos ou, em alguns casos, relatam até uma piora dos sintomas.
Essa diferença pode ser explicada por:
Diferentes doses e composições dos produtos de cannabis.
Presença de outras condições de saúde (comorbidades).
Variações nos métodos de avaliação.
Curiosamente, o uso prescrito de cannabis tem sido associado a melhorias na concentração e na regulação emocional, além de redução da ansiedade, depressão e inquietação. Muitos adultos com TDAH relatam usar cannabis para melhorar o sono e, em alguns casos, até substituem medicamentos convencionais.
Um estudo importante (Cooper et al., 2017) com uma formulação em spray oral com T*H*C e C*B*D em 30 adultos com TDAH mostrou melhorias na hiperatividade e impulsividade em seis semanas. Embora não houvesse diferenças significativas em desempenho cognitivo, os resultados são uma luz no fim do túnel, sugerindo que canabinoides podem ser uma opção, especialmente para quem não responde bem aos tratamentos tradicionais.
Conclusão: Uma Alternativa com Potencial, Mas que ainda demanda mais estudos
O caminho é promissor, mas ainda longo. O SEC, com sua capacidade de modular circuitos cerebrais importantes para o TDAH, oferece uma base sólida para novas pesquisas e terapias.
Precisamos de:
Mais estudos clínicos de alta qualidade para confirmar a eficácia e segurança.
Pesquisas com diferentes proporções e subtipo de fitocanab inoides, como C*B*D, C*B*G e T*H*C, entre outros.
Avaliação dos riscos e benefícios a longo prazo, especialmente em crianças.
O papel do Sistema Endocanabinoide na fisiopatologia do TDAH é inegável, e isso nos dá uma base racional para explorar os canabinoides como uma alternativa terapêutica. Contudo, é fundamental lembrar: as evidências científicas ainda são preliminares e limitadas. A ciência avança, e a esperança de um tratamento mais eficaz e com menos efeitos adversos para o TDAH se fortalece a cada nova descoberta.
Fique atento aos próximos capítulos dessa pesquisa fascinante!
Dr. Luís Cláudio de Azevedo Silva é Médico especialista em Medicina Preventiva, com Pós-graduação em Psiquiatria e Cerificação em Medicina Endocanabinóide
`




Comentários