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O Canabidiol em crianças com Transtorno do Espectro Autista: uma nova perspectiva surge para auxiliar pais e médicos que enfrentam o dilema do uso precoce de medicamentos.

  • Foto do escritor: Dr. Luís Cláudio Azevedo
    Dr. Luís Cláudio Azevedo
  • 9 de jul.
  • 3 min de leitura

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Muito embora o pilar central para intervenção precoce em crianças diagnosticadas com TEA sejam as terapias comportamentais e de apoio psicológico à criança e aos pais, ainda é muito frequente, em casos moderados a graves, a necessidade de intervenções medicamentosas para o controle efetivo dos sintomas comportamentais associados.

É justamente neste momento que pais e médicos deparam-se com a difícil escolha entre ceder à "facilidade" da ação imediata de medicações, como antipisicóticos, anticonvulsivantes, estimulantes anfetamínicos, entre outros, ou buscar alternativas que não tragam tantos riscos e efeitos colaterais de médio e longo prazo (como os efeitos extrapiramidais / discinesias tardias, ganho excessivo de peso e síndrome metabólica, ou insônia, anorexia e riscos de psicoses). Alguns diriam.... "Ahhhh mas são prescritos a tempo. Porque essa questão logo agora?" Eu responderia que muita coisa mudou nesses últimos 15/20 anos. Não há mais leigos completos em nada hoje em dia. As informações estão disponíveis, a um "clique" de distância, para todos. As mães chegam aos consultórios já cientes, em algum grau, dos riscos envolvidos. Os médicos sabem disso e tentam compartilhar essa decisão com os pais, o que é sim necessário, mas gera uma angústia absurda aos responsáveis pela criança. No meio disso tudo está ela, a criança neurodivergente, quase sempre alheia a toda essa dor e medo por parte dos pais, mas 100% objeto e refém das decisões que forem tomadas num momento tão crucial ao desenvolvimento neuropsicomotor, das habilidades sociais e de comunicação, do aprendizado e crescimento desta pessoinha. Pessoa essa que já sofre bastante com as suas limitações e dificuldades de entendimento e relacionamento, não apenas consigo mesma, mas também por parte dos pares para com ela.

Neste cenário, mães e médicos buscam alternativas que possam trazer mais qualidade de vida, com redução dos sintomas mais limitantes e sem os efeitos danosos das medicções convencionais. E muito recentemento tem aparecido, cada vez mais, notícias a respeito do uso de uma substância derivada da Cannabis - o Canabidiol - em crianças com autismo, com resultados bastante animadores. E de fato, embora seja recente e ainda há muito o que estudar a respeito de seus efeitos e eficiência, os relatos de casos de sucesso no tratamento pululam aos quatro cantos e a todo momento, gritando a todos que há sim uma substância bastante segura, com mínimos efeitos colaterais e sem aparente prejuízo de uso a longo prazo, e que reduz de forma importante vários dos sintomas relacionados ao TEA, como agressividade, agitação psicomotora, autolesão, dificuldades de estabelecer contato e comunicação, entre outros. Mas funciona bem para todos? Obviamente que não. Estamos falando de pessoas diferentes, com estruturas e dinâmicas biopisíquicas peculiares a cada paciente e contexto. Assim como uma medicação alopática não funciona igualmente para todos, da mesma forma, a medicina canabinóide responde diferentemente em cada caso. E vale lembra que o Canabidiol e demais produtos derivados de cannabis não têm a pretensão de substituir os medicamentos convencionais (embora o faça muitas vezes), mas vieram somar-se ao arsenal terapêutico já disponível. A não implementação de estratégias terapêuticas integradas e menos prejudiciais pode perpetuar o sofrimento, aumentar o risco de discriminação e comprometer de forma irreversível o neurodesenvolvimento e o potencial escolar de uma criança neurodivergente. A despeito de almejarmos sempre poder reduzir ou eliminar as medicações que apresentem maior risco ou efeito colateral, nem sempre isso é possível. Mas fato é que estamos todos diante de um cenário bastante promissor e devemos sempre considerar as possibilidades terapêuticas na sua totalidade, despindo-nos de todo pré julgamento ou preconceito comumente associados a tudo que é novo, sobretudo quando cobertos por um manto de estigmas culturais e políticos infelizmente associados aos derivados da Cannabis. Permitam-se conhecer melhor este novo e inexorável cenário. Sejam muito bem vindos ao mundo apaixonante da Medicina Endocanabinóide.


Dr.Luís Cláudio de Azevedo Silva Médico especialista em Medicina Preventiva, Pós-graduação em Psiquiatria e formação em Medicina Endocanabinóide

 
 
 

2 comentários


Fátima Ribas
Fátima Ribas
09 de jul.

Do ponto de vista da atuação fisiológica do medicamento, como o canabinoide atua no paciente TEA. Para aqueles que respondem bem à medicação, como se dá essa ação?

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Dr. Luís Cláudio Azevedo
Dr. Luís Cláudio Azevedo
09 de jul.
Respondendo a

Olá Fátima. Muito boa sua colocação. Esse é um assunto extenso e merece ser tratado numa nova postagem à parte. Tratarei este assunto em breve. Fique atenta às atualizações no blog. Agradeço muito seu comentário. Mostra que leu tudinho mesmo rs😊

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